Thereza Miranda iniciou-se na arte da gravura na década de 1960, sob a orientação de Walter Marques, no já histórico Ateliê da Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
A artista foi responsável pela introdução, no Brasil, da fotogravura, técnica de gravar que tem a fotografia como suporte. A foto, tirada pela própria gravadora, é trabalhada em vários níveis antes de ser transferida para a matriz em metal, onde é retrabalhada. Inicialmente, ela retratou imagens de cidades latino-americanas e, mais tarde, preocupada com o patrimônio cultural de seu país, registrou em fachadas, portas e telhados detalhes da arquitetura brasileira.
Paralelamente, Thereza também começou a desenvolver trabalhos em pintura. São telas em tons azuis e verdes translúcidos que mostram florestas e mares, paisagens “ lembradas, fotografadas reinventadas, imaginadas ”
Trecho da apresentação da exposição do Centro Cultural Banco do Brasil nos anos 1998, 1999.
Fazer essa gravura foi um desafio por causa de suas dimensões e não seria possível sem o meu impressor Agustinho Coradello Ribeiro, que me acompanha há quarenta anos.
Perfil das Montanhas do Rio | 2006 | água-forte e água-tinta | 30x220cm | Impressor Agustinho Coradello Ribeiro | Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM - RJ | Coleção Museu MAR - RJ
Gravuras
Pinturas
De Thereza Miranda
Em 1983 Carlos Drummond de Andrade fez uma poesia inspirado nas obras de Thereza.
Ouça o poema "De Thereza Miranda" na voz de Maria Bethânia.
Vídeo
Vídeo produzido por Dodô Brandão na oportunidade da exposição "Impressões", realizada no Museu de Arte Moderna em comemoração dos 80 anos da artista e também de seus 45 anos de atividade artística.
Textos Críticos
Gilberto Chateubriand
Não sejamos óbvios, não é necessário apresentar Thereza Miranda. Todos sabem de sua trajetória exemplar como artista – pintora e gravadora entre as melhores que este País já concebeu – e cujos trabalhos coleciono há mais de 30 anos. Todos têm noção de seu papel de pedagoga, o que garante a ela um séqüito de amigos e admiradores que com ela aprenderam seu ofício e, nos anos 90, a levou a uma de suas funções públicas mais bem-sucedidas, à frente do Centro Cultural Calouste Gulbenkian – como seria de se esperar, ela marcou a instituição com seu toque inconfundível de inteligência e sensibilidade. Mas o que mais nela me comove é a amizade que nos une.
Conheci a artista (já nem me lembro quando...) através de outro grande amigo de grata memória, Carlos Scliar, ele mesmo grande admirador do trabalho de Thereza.
Textos Críticos
Paulo Herkenhoff
(Texto referente à série de gravuras sobre Minas Gerais, publicado no catálogo da exposição realizada na Galeria Bonino, Rio de Janeiro, em 1986) Vistas do abismo
Estas são as cidades que conhecemos e percorremos revistas por uma nova luz. A artista revisita a história – São Luís do Maranhão, Rio de Janeiro e agora Minas. A artista também revisita a fotografia e a gravura – no espaço entre as duas técnicas estabelece a sua linguagem.
Monumentos e vestígios do passado são aprisionados pela máquina do tempo – a câmara fotográfica. É como se a artista quisesse reter para o futuro os restos do que fomos ou ainda somos. O dedo do Profeta aponta a esperança. Thereza Miranda age como se buscasse ferir a matriz gravada com cenas das feridas infligidas ao corpo vivo das cidades. Essas gravuras são obras de uma ativista. Serão sempre provas do crime, evidências da denúncia. Basta de destruição!, parece exclamar a artista nesse incansável discurso e protesto.
Textos Críticos
Frederico Morais
(Trecho de artigo referente à série de gravuras sobre Minas Gerais, publicado em O Globo, em 1982)
O olho da artista seleciona, valoriza ou hierarquiza o detalhe, arrancando-o da massa ou do anonimato. É o que faz Thereza Miranda com suas fotogravuras... Fragmentou, somou, inverteu, calcou em relevo, repetiu ou fez variações em comentários gráficos. E com o domínio técnico de sempre...
Textos Críticos
Ferreira Gullar
(Trecho de artigo referente à série de gravuras sobre Minas Gerais, publicado na revista Isto é, em 1982)
É dessa relação afetiva das pessoas com sua cidade que nos fala Thereza Miranda. Fixando fachadas ou detalhes, acentuando o contraste entre a arquitetura de ontem e a de agora, ela ao mesmo tempo resgata e denuncia, mas, sobretudo, faz aflorar na superfície do papel a carga de existência acumulada na caliça das paredes, nos portais, nas sacadas...